Inicio / Romance / A gêmea errada do CEO / Capítulo 4 — Vidas trocadas
Capítulo 4 — Vidas trocadas

Os dois entraram no apartamento. Milena parou logo na entrada, os olhos arregalados como se quisessem absorver cada detalhe do ambiente. O luxo do lugar parecia quase intimidá-la. Ela girava lentamente o pescoço, observando os lustres de cristal, os móveis de design refinado, os quadros abstratos nas paredes. Seus lábios entreabertos revelavam um misto de fascínio e confusão.

Alerrandro fechou a porta atrás deles com um leve estalo e caminhou em direção a ela com passos firmes, mas contidos. Seu olhar era sério, quase duro, e a tensão em sua mandíbula denunciava o esforço que fazia para manter a calma.

— Não faz isso novamente, Lorena — disse ele, com a voz baixa, mas carregada de reprovação. — Você sabe muito bem que seu pai não ficaria nada satisfeito com esse tipo de atitude.

Ele estendeu a mão e, com um gesto cuidadoso, retirou o palito que Milena segurava entre os dedos. Colocou-o sobre o braço do sofá com precisão, como se aquele pequeno objeto fosse uma peça fora de lugar em sua ordem pessoal. Em seguida, pegou uma toalha macia que estava dobrada sobre a poltrona e, com delicadeza, envolveu os ombros de Milena.

— E essa roupa que você está usando? — continuou, franzindo a testa e apertando os olhos como se tentasse decifrar suas intenções. — O que estava pensando em fazer?

Milena deu um leve passo para trás, surpresa com o tom dele. Seus olhos piscaram rápido, e ela levou a mão ao peito, como se buscasse uma explicação dentro de si.

— É... É que na verdade eu... — começou a dizer, mas sua voz saiu trêmula, quase um sussurro.

Alerrandro ergueu a mão, interrompendo-a com um gesto firme, mas sem agressividade.

— Não precisa falar mais nada — disse, desviando o olhar como se quisesse evitar encarar a confusão nos olhos dela. — Já é tarde. Melhor ir descansar. Eu perdi o sono e vou ficar trabalhando até tarde.

Milena inclinou levemente a cabeça, os olhos ainda cheios de dúvida.

— Vai sair? — perguntou, com um tom hesitante, quase infantil.

Alerrandro franziu o cenho, surpreso com a pergunta. Seus lábios se curvaram num sorriso de canto, mas sem humor.

— O quê? — disse, com uma risada seca. — É claro que não. Irei organizar os documentos para a reunião de amanhã.

Ela arregalou os olhos, como se tivesse acabado de descobrir algo novo.

— Oh!... você trabalha em uma empresa?

Ele a encarou por um momento, tentando entender se ela estava brincando ou se realmente não sabia. O sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão de incredulidade.

— Não, Lorena... — disse, com a voz mais baixa, quase como quem fala consigo mesmo. — Você sabe muito bem que sou dono da empresa. Mas de qualquer forma, eu trabalho lá. Agora vá dormir... Parece que você bateu a cabeça ou está fazendo isso para me irritar ainda mais.

Alerrandro a conduziu até o quarto com passos lentos, mantendo uma distância respeitosa. Milena seguia ao lado dele, olhando cada canto da casa como se estivesse ali pela primeira vez. Seus olhos percorriam os detalhes da decoração, os objetos pessoais, os retratos emoldurados, tudo parecia novo, estranho, distante.

Ao chegar ao quarto, ele abriu a porta e fez um gesto com a mão, indicando que ela entrasse. Ela obedeceu em silêncio, ainda envolta pela toalha, e desapareceu no interior do cômodo. Alerrandro permaneceu por um instante parado à porta, observando-a com um olhar carregado de confusão e inquietação.

Depois, voltou para a espaçosa sala. Sentou-se no sofá com um suspiro pesado, desabotoou o primeiro botão da camisa branca e passou as mãos pelos cabelos, bagunçando-os levemente. Seu rosto estava tenso, os olhos fixos em algum ponto indefinido à frente. Pegou o celular e o jogou com força controlada sobre a pequena mesa ao lado.

— Você está querendo me tirar do sério, Lorena... Que diabos está fazendo? — murmurou para si mesmo, com os olhos semicerrados.

Ao virar o rosto, viu o palito que havia deixado ali minutos antes. Pegou-o distraidamente, mas ao aproximá-lo do rosto, franziu o nariz. Um aroma doce e suave subiu até ele, algo delicado, quase floral.

— Esse cheiro... — disse, inspirando mais fundo. — Doce... suave...

Ele fechou os olhos por um instante, tentando lembrar. Aquele perfume não era familiar. Não era o tipo de fragrância que Lorena costumava usar. Era diferente. Sutil. Quase etéreo.

Abriu os olhos de repente, como se uma peça do quebra-cabeça tivesse se movido dentro de sua mente.

— Lorena nunca usou esse perfume antes...

E então, o silêncio da sala pareceu se tornar mais denso. Alerrandro permaneceu ali, imóvel, com o palito entre os dedos e a dúvida crescendo como uma sombra dentro dele.

Ele estava tão imerso em seus pensamentos que o cansaço o venceu. Sentado no sofá, com os papéis espalhados à sua frente e o palito ainda entre os dedos, ele acabou adormecendo ali mesmo, com a cabeça tombada para o lado e a expressão carregada de inquietação. A luz suave do abajur lançava sombras sobre seu rosto, acentuando as linhas de preocupação.

Duas horas depois, ele despertou abruptamente. Seus olhos se abriram de repente, como se tivesse sido puxado de um sonho confuso. Piscou algumas vezes, tentando reconhecer o ambiente. Estava atordoado, com o coração acelerado e a respiração curta. Sentou-se rapidamente, passou a mão pelo rosto e olhou para os papéis sobre a mesa, estavam ali, intactos, mas agora pareciam distantes, irrelevantes.

Levantou-se com um impulso e seguiu para o quarto, guiado por uma inquietação que não sabia nomear. Ao abrir a porta, parou por um instante, como se o tempo tivesse desacelerado.

Milena estava deitada na cama, dormindo profundamente. O lençol estava jogado para o lado, e ela permanecia sem coberta, os ombros expostos ao ar fresco do quarto. Seus cabelos soltos caíam sobre o rosto, formando uma moldura delicada que destacava sua beleza serena. A luz da lua, filtrada pelas cortinas, tocava sua pele com suavidade.

Alerrandro se aproximou devagar, com passos silenciosos. Seu olhar se fixou nela, tão parecida com Lorena, e ao mesmo tempo... diferente. Havia algo naquele sorriso involuntário que se formava em seus lábios enquanto dormia. Um traço de doçura, de leveza, que Lorena nunca teve. Ele, um homem atento aos detalhes, sentiu um nó se formar em sua garganta.

Sentou-se na beirada da cama, hesitante. Estendeu a mão e, com delicadeza, afastou uma mecha de cabelo que cobria o rosto dela. Seus dedos roçaram levemente sua pele, revelando os traços suaves e o sorriso adormecido. Por um instante, ele ficou ali, apenas observando, como se tentasse decifrar um enigma silencioso.

Mas então, Milena despertou.

Seus olhos se abriram lentamente, ainda turvos de sono. Ela virou o rosto, e ao ver Alerrandro tão próximo, seu corpo reagiu com um sobressalto.

— O que está fazendo aqui?! — gritou, a voz aguda cortando o silêncio da madrugada.

Num movimento rápido e instintivo, ela se sentou na cama, os olhos arregalados e o coração disparado. Olhou ao redor, procurando algo, qualquer coisa. Avistou o vaso de água sobre a estante ao lado do abajur. Sem pensar duas vezes, pegou-o com mãos trêmulas e jogou o conteúdo sobre Alerrandro.

A água o atingiu em cheio, encharcando sua camisa e escorrendo pelo rosto. Ele recuou, surpreso, os olhos piscando com força enquanto tentava entender o que acabara de acontecer.

— Lorena! — exclamou, levantando-se de súbito. — O que há de errado com você?! Está louca?

Milena, ainda ofegante, recuou até o canto da cama, abraçando os próprios joelhos. Seus olhos estavam cheios de confusão e medo, como se não reconhecesse o homem à sua frente. Alerrandro, por sua vez, permanecia parado, molhado e perplexo, encarando aquela mulher que parecia sua esposa... mas agia como uma estranha.

E naquele instante, ele soube: algo estava profundamente errado.

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