Era meio da tarde quando Cecília desceu do ônibus e caminhou em direção ao bar. As coisas com Enrico pareciam finalmente resolvidas. Mas paz, para ela, nunca durava muito. Ainda nem tinha chegado ao bar quando o celular vibrou. O nome que apareceu na tela fez seu estômago se revirar
PAI.
Ela sabia o que vinha a seguir. Sabia pelo horário, pela ausência de qualquer mensagem anterior e pelo tom sempre urgente quando ele aparecia de surpresa. Com os ombros tensos, ela atendeu.
— Fala, pai.
— Oi, filha. Tô precisando conversar contigo. Tô aqui perto, tem como me encontrar?
— Agora não dá. Tenho turno em meia hora.
— Vai ser rápido, prometo. É importante.
Cecília suspirou. Como sempre era. Como sempre soava urgente e inevitável. Ela respirou fundo e desviou o caminho antes de chegar ao bar.
Encontraram-se num ponto de ônibus meio deserto, e o rosto do pai estava mais magro do que ela lembrava. Mas os olhos eram os mesmos — cansados, ligeiramente manipuladores.
— Tá tudo bem? — ela pergunto