A manhã estava fresca, e Cecília respirava o ar com calma enquanto empurrava o carrinho de Aurora pela praça.
O sol filtrava por entre as árvores altas, formando pequenos mosaicos de luz no chão. O canto distante de alguns pássaros se misturava ao barulho suave da água da fonte no centro da praça.
Aurora balbuciava baixinho, entretida com os movimentos das folhas e a dança da luz. Seu rostinho tranquilo dava a Cecília uma sensação de normalidade que ela ainda estava aprendendo a valorizar.
Era para ser só uma caminhada tranquila antes de encontrar Júlia. Só alguns minutos de paz, de rotina, de vida comum.
Mas tudo desmoronou em segundos.
Ao erguer os olhos, Cecília congelou.
Do outro lado da rua, encostado em um carro escuro, estava uma figura que ela não via há meses. Um rosto duro, envelhecido, mas impossível de esquecer.
Seu pai.
O homem que se tornou sinônimo de medo.
O ar sumiu dos pulmões dela. O chão pareceu desaparecer por um breve instante.
Seu corpo reagiu antes da mente: el