Aquela voz.
Aquele timbre áspero.
Aquele deboche.
O pai de Cecília.
O sangue de Enrico gelou.
— Você parece… apressado, doutor — disse o homem, saboreando cada sílaba, como se estivesse se divertindo com o desespero alheio.
Enrico parou no meio da sala, o coração batendo alto demais nos ouvidos. A respiração ficou curta, pesada.
— Onde. Elas. Estão. — disse, cada palavra dura como o aço. — O que você fez com a Cecília e com a Aurora?
— Sempre tão direto… — o homem riu. — Igualzinho quando me enfrentou meses atrás. Você devia ter ficado longe, sabia? Mas se meteu onde não foi chamado. Eu avisei que ela pagaria caro.
Enrico apertou os olhos por um segundo, lutando para se manter inteiro. Cada fibra do seu corpo gritava por ação.
— O que você quer? — perguntou, a voz baixa e firme, embora a mão que segurava o celular tremesse.
Do outro lado da linha, veio uma risada leve, mas venenosa.
— Ora, não é óbvio? — o pai de Cecília respondeu. — Você se envolveu demais com a minha filha… e agora