O relógio marcava quase três da tarde quando Cecília finalmente desceu do ônibus, o coração batendo forte dentro do peito. A rua elegante, o prédio de vidro espelhado, os carros caros parados na frente — tudo ali parecia gritar que ela não pertencia àquele lugar. Mas mesmo assim, ela entrou.
A recepcionista a reconheceu de outra vez e a deixou subir sem muitas perguntas. No elevador, o reflexo no espelho a encarava de volta. Seus olhos estavam cansados, e as olheiras denunciavam noites mal dormidas. Passou a mão nos cabelos, respirou fundo.
Ela não sabia exatamente o que diria.
Só sabia que precisava ver Enrico.
Quando a porta se abriu no último andar, a secretária de Enrico arregalou os olhos, surpresa.
— Boa tarde, posso ajudá-la?
— Eu preciso falar com o Enrico. — A voz de Cecília estava firme, embora por dentro tudo estivesse tremendo. — É urgente.
A moça hesitou por um segundo antes de pegar o telefone.
— Só um momento.
Cecília se virou de costas, encarando a cidade pela enorme j