Quando a porta se fechou atrás de Enrico, Cecília sentou-se na beira da cama, sentindo o corpo pesado e os pensamentos acelerados.
O silêncio do apartamento parecia seguro, mas, ao mesmo tempo, quase agressivo em sua intensidade.
Cada ruído — o barulho distante de um carro lá fora, o chiado do elevador, o leve rangido do prédio — fazia seu coração disparar.
Ela passou os dedos sobre a colcha, tentando se concentrar no toque macio do tecido, mas a mente insistia em trazer imagens indesejadas.
Cada canto do quarto parecia se transformar, por um instante, naquela kitnet onde os gritos e a dor ainda ecoavam.
Ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando se convencer de que estava a salvo, que nada poderia acontecer ali. Mas a sensação persistia: podia ser atacada a qualquer momento.
O resto do dia passou em um ritmo silencioso. Quando o sol começou a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados, Cecília ouviu passos suaves no corredor.
A porta do quarto se abriu devagar, e Enrico surgiu c