Theodoro Lancaster
Cheguei na empresa mais tarde que o habitual — um erro estratégico que me custaria olhares atravessados, e-mails acumulados e, claro, piadinhas mal disfarçadas da minha própria consciência. Mas honestamente? Não dormi bem. O encontro da noite anterior ainda me assombrava.
Uma mulher que falava mais do que um podcast de três horas. Falava rindo, falava mastigando, falava enquanto eu pensava em sumir. Se não fosse trágico, seria cômico.
Atravessei a recepção e os primeiros metros do andar como de costume: direto, em silêncio e sem desviar o olhar. Ao passar pela mesa da minha secretária, no entanto, meus olhos traíram minha disciplina e se viraram discretamente para ela. Leydi Dayane estava sentada, digitando com aquela postura que misturava concentração e desprezo disfarçado por elegância. Usava uma blusa cor de vinho e uma saia que não era curta, mas que chamava atenção pela forma como moldava o corpo dela.
Como conseguir ver a saia? Graças a mesa ser de vidro. Pelo