Theodoro Lancaster
A entrada da Lancaster & Associados tinha aquele cheiro padronizado de escritório caro: café velho, perfume forte demais de recepcionista e tinta de impressora tentando parecer aroma de poder. O saguão, como sempre, estava impecável. Mármore brilhando, carpete novo sem uma única marca de sapato, e o ar-condicionado no nível “tundra canadense”.
Passei pela recepção como um navio de guerra em águas calmas: firme, direto e sem sequer olhar para o lado. A moça do balcão sorriu e desejou um “bom dia” que eu, obviamente, ignorei. Era segunda-feira, sete e vinte e cinco da manhã. Ela queria um “bom dia” vindo de mim? Era otimista. Ou nova.
No elevador, meu reflexo me encarava como se tentasse entender onde eu estava com a cabeça. Um encontro? Eu marquei um encontro. A ideia ainda soava ridícula. Meio fora da minha curva. Não era o tipo de coisa que eu fazia. Mas a inquietação não passava. Aquela sensação incômoda de antecipação... ansiosa. Detestável.
As portas se abriram