Para Abigail, nos dias seguintes, nada mudou. A febre oscilava, ora cedendo com os remédios, ora retornando na madrugada, arrancando de Marcos e Luíza horas de sono e um medo crescente. Ela continuava deitada a maior parte do tempo, recusando refeições, respondendo pouco e sem ânimo. Cada suspiro parecia pesar no ar da casa, e cada movimento seu carregava um silêncio pesado que ninguém sabia como quebrar.
— Não podemos mais esperar — disse Marcos, num fim de tarde em que a claridade cinzenta invadia a sala. — Luíza, isso não é normal. Já passaram dias, e ela não melhora. Vamos levá-la ao médico.
Luíza hesitou, mas sabia que ele tinha razão. O olhar abatido da enteada, o silêncio, a palidez que parecia não se desfazer… já não havia como ignorar. A tensão se acumulava em cada canto do lar, e mesmo os sons mais banais — o tilintar de talheres, o ranger da porta, o zumbido do ar-condicionado — pareciam amplificar a ansiedade de todos.
Na manhã seguinte, depois de alguma insistência, Ab