Alguns dias haviam se passado desde a conversa entre Sérgio e sua mãe. Ela estava em casa, organizando algumas sacolas de compras, quando o telefone tocou. O nome de Luiza apareceu na tela, e um sorriso imediato iluminou o rosto da mãe.
— Lulu! — exclamou, atendendo com entusiasmo. — Que surpresa! Estava esperando nossa ligação combinada para daqui a alguns dias, mas fico feliz de ouvir sua voz.
Houve uma pausa do outro lado, e algo no tom da filha fez o sorriso da mãe vacilar. A alegria se misturou a uma estranheza sutil.
— Mãe… — a voz de Luiza saiu embargada, carregada de um peso que imediatamente alertou a mãe. — É sobre a Abigail…
O coração dela disparou.
— O que aconteceu? — perguntou, já sentindo um frio subir pela espinha.
— Ela… está internada. — A voz de Luiza falhou, e o choro quase escapou. — Abigail tentou se ferir… Tivemos que trazê-la às pressas para o hospital.
Um frio subiu pela espinha da mãe, a sacola de compras escorregou ligeiramente da mão. O ar pareceu rarefeito