Dois dias depois, Sérgio ainda não conseguia se afastar da praça em frente à escola de idiomas. Voltava sempre ao mesmo ponto, como se estivesse preso a um círculo invisível do qual não tinha forças para escapar.
A cada manhã, quando abria os olhos, sentia o mesmo impulso: ir até lá, como se fosse inevitável, como se a simples presença pudesse lhe trazer uma resposta. Caminhava pelas calçadas sem descanso, os olhos varrendo cada esquina, cada rosto que surgia, em busca dela. Era como caçar um fantasma, perseguir uma lembrança viva que não lhe dava trégua.
O tempo parecia arrastado. Cada minuto sem vê-la era uma tortura que lhe corroía por dentro, como se o relógio tivesse se transformado em uma lâmina que cortava lentamente sua resistência.
O vento frio cortava a pele, levantava as folhas secas da praça e trazia o cheiro metálico da chuva que ameaçava cair. Mas ele mal percebia. O corpo podia tremer, os dedos podiam endurecer pelo frio, mas nada disso importava.
Só conseguia pensar em