O silêncio no quarto era quase palpável, quebrado apenas pelo ritmo constante da respiração de Abigail. Ela permanecia deitada, os olhos fechados, mas o corpo ainda tenso, como se qualquer som pudesse despertá-la para uma lembrança dolorosa. Sérgio estava ali, sentado na beira da cama, segurando a mão dela com cuidado. Cada movimento dele era pensado para não assustá-la, cada gesto uma promessa silenciosa de proteção.
O som de duas batidas na porta e da maçaneta girando logo em seguida, chamou a atenção de Sérgio. O médico entrou, com passos firmes, mas com um olhar que misturava profissionalismo e preocupação.
— Bom dia, Abigail — disse ele com um sorriso contido. — Preciso fazer um exame rápido, só uma verificação de rotina, prometo que não vai demorar.
Abigail piscou, ainda meio sonolenta, e apertou a mão de Sérgio.
— Não… não quero que você vá. — A voz dela saiu frágil, quase um sussurro.
Sérgio inclinou-se levemente para ela, tentando transmitir calma.
— Eu não vou embora. Fico a