O silêncio que ficou após a porta bater foi mais ensurdecedor do que qualquer grito. Marcos e Luiza trocaram um olhar preocupado assim que ouviram o som da saída abrupta de Sérgio. Ainda estavam na cozinha, terminando de organizar os últimos detalhes da festa, quando as vozes alteradas vindas do andar de cima os fizeram congelar. Não era comum ouvir Sérgio perder o controle daquela forma — principalmente com Abigail, alguém por quem ele sempre demonstrou um cuidado rigoroso, ainda que às vezes excessivo.
Luiza segurava a taça de vinho com as mãos trêmulas, tentando disfarçar a tensão que crescia em seu peito.
Marcos largou os talheres sobre a bancada e olhou em direção à escada, preocupado.
— Aquilo foi uma briga — disse ele, a voz baixa e carregada. — Vou subir pra falar com a Abigail.
— Espera — Luiza se levantou, segurando o braço do marido. — Deixa que eu vou. Acho que... ela precisa de mim agora.
Marcos hesitou, o olhar cheio de dúvidas, mas acabou assentindo. Conhecia a sensibil