O domingo amanheceu nublado, como se o céu refletisse o que se passava dentro daquela casa. Abigail não saiu do quarto. A porta permaneceu fechada desde a noite anterior, e nenhum som veio de lá desde o choro abafado que Luiza ouvira antes de dormir.
Marcos cruzava o corredor pela terceira vez só naquela manhã. Andava de um lado para o outro, inquieto, com as mãos nos bolsos do moletom e a testa franzida.
— Ela não saiu nem pra tomar café — comentou em voz baixa, parando diante da porta do quarto da filha.
Luiza se aproximou, mais calma, uma bandeja com frutas e torradas nas mãos.
— Ela precisa de um tempo, amor — disse, pousando a mão no braço dele. — Ontem foi uma noite difícil. Deixa que eu tento falar com ela.
— Luiza... — ele começou, hesitante. — Você sabe o motivo né? Aquela briga entre os dois... o jeito que o Sérgio saiu daqui, sem nem olhar pra trás...
Ela hesitou por um segundo, respirando fundo.
— Eu sei que tem algo acontecendo, mas ainda não é hora de forçá-la. Abigail p