Abigail chegou em casa com a cabeça latejando. O caminho de volta foi silencioso, ainda que dentro dela o ruído de pensamentos não cessasse nem por um segundo. O beijo com Sérgio ainda queimava em seus lábios, misturado à raiva de ter sido alvo das provocações de Olívia. As palavras dele — sobre protegê-la, sobre não saber como tê-la por perto sem medo de perdê-la — ecoavam em sua mente como um sussurro constante.
Assim que empurrou a porta, sentiu o cheiro familiar de comida recém-preparada. Luíza sempre fazia questão de cozinhar quando podia, e naquela noite, o aroma de alho e alecrim no ar parecia quase maternal. Abigail deixou a bolsa no sofá e passou os dedos pelos cabelos, exausta.
Luíza apareceu na porta da cozinha com um avental florido e uma colher de pau na mão. Sorriu ao vê-la.
— Chegou tarde hoje. Está tudo bem?
Abigail tentou sorrir de volta, mas o rosto dela entregava a verdade.
— Meu pai ainda não chegou?
— Ainda não, ele ligou tem pouco tempo e disse que chega em uma h