A música clássica ainda ecoava pelas paredes de pedra, suave como uma despedida. As luzes do salão já estavam mas baixas, dançando em tons de dourados sobre as taças esquecidas e arranjos impecáveis. Os poucos convidados restantes se dispersaram em sussurros como se o próprio constrangimento pairasse no ar.
Eu só queria um maldito copo de whisky.
Algo que queimasse forte o suficiente para me fazer esquecer que havia um anel no meu dedo esquerdo e uma garota de olhos puros esperando por mim na ala leste da mansão.
Me afastei até o bar. Peguei o primeiro copo que vi, virei a dose como se fosse água.
Nem precisei olhar.
— Belo casamento, irmão. — Giuliana anunciou, com a língua mergulhada em sarcasmo. — Um espetáculo silencioso de constrangimento. Quase poético.
Virei devagar. Minha irmã estava impecável, como sempre. — vestido preto colado ao corpo esguio, decote elegante, cabelos castanhos brilhando sob a luz. Tão sofisticado quanto venenosa.
Não era ela que me fazia perder o fôlego.
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