Nápoles- Igreja de Santa ConcezioneEles diziam que o casamento era o dia mais importante da vida de um homem.Talvez para um homem comum.Para mim, era só mais uma humilhação, um teatro bem ensaiado, onde o figurino me apertava, o altar me sufocava, e todos os rostos ao meu redor fingiam respeito, quando na verdade, mal conseguiam disfarçar o escárnio.O salão da igreja era escuro, frio como mármore antigo, com vitrais altos e um altar adornado com velas. Os poucos convidados estavam em silêncio, tradição, sigilo, honra. Os três pilares do que chamam de união na máfia.Homens engravatados, mulheres em vestidos discretos, guardas armados disfarçados de seguranças do evento. E meu pai, sentado na primeira fileira, com aquele olhar de missão cumprida, como se finalmente tivesse conseguido me dobrar.Eu estava de pé no altar, os dedos trincando sob as mangas do terno. A cabeça ainda latejava da ressaca. Podia sentir o gosto do álcool misturado com desprezo na garganta. Meus irmãos estava
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