A noite chegou carregada de presságios. As estrelas pareciam pálidas e distantes, e a lua cheia, mais alaranjada do que de costume, lançava sua luz mórbida sobre a aldeia. A cerimônia fora convocada às pressas, e todos os membros da matilha foram obrigados a se reunir ao redor do grande círculo de pedras.
Lysandra, de pé no centro, estava pálida, os olhos fixos no chão. O tornozelo ainda marcado pelo ferro, o coração afogado em mágoa. Helena permanecia em pé, amarrada a uma estaca ao lado de Viktor, o rosto cansado e os olhos suplicantes.
Viktor, trajado com peles negras e um colar de dentes de lobo antigos, mantinha um ar vitorioso, como se já saboreasse a vitória.
— Chegou a hora — disse ele, a voz ecoando entre as árvores.
O ancião da aldeia se aproximou com um cálice de prata e o símbolo lunar gravado. A bebida que borbulhava dentro era feita com sangue de loba ancestral e ervas que selavam juramentos sob a lua.
Lysandra manteve-se imóvel.
Viktor ergueu a voz:
— Diante da matilha,