Sentei-me atrás da mesa de mogno, o envelope branco entre as mãos como se fosse um presente do destino. Mas eu sabia que nem sempre presentes eram bons. Então poderia, no fim, ser um presente de grego.
Aayush estava de pé perto da porta, com o rosto contido, como sempre. Abri o envelope com a calma de quem já sabia que todas as peças, cedo ou tarde, encaixavam. Havia dias em que eu apreciava esse ritual: a descoberta era sempre um ponto de alavanca.
Li, não falei. Não precisei. O silêncio dizia por mim. Quando cheguei à linha que confirmava o parentesco, deixei escapar um sorriso breve. Meus instintos nunca me enganavam. Caliana era mesmo filha de Caio Harlow. A confirmação era tão perfeita quanto um tiro no alvo.
Aayush inclinou-se um pouco, esperando talvez que eu comentasse. Mantive o olhar no papel e o sorriso por dentro.
Preferi não revelar. As palavras, depois de ditas, não tinha como voltar atrás. Sempre gostei do silêncio. E por isto optei por ele.
Pus o envelope sobre a