Que o amor nasce entre pessoas totalmente diferentes umas das outras é real. Mas, o amor pode nascer de uma mentira? Antony é o único herdeiro dos negócios bilionários de sua família, e após a morte de seu pai, descobre uma cláusula um tanto preocupante. Para conseguir acessar a fortuna herdada, ele encontra uma solução um tanto inusitada... casar-se com uma moça desconhecida. Sem muito tempo para procurar, ele escolhe uma jovem meretriz que trabalha no bordel que ele sempre frequenta e com ela firma um contrato. Um ano é o tempo para os dois manterem as aparências, e ele conseguir acessar tudo que é seu por direito, mas será que eles vão conseguir conviver tanto tempo?
Ler mais— Alô?
— Antony! Seu pai sofreu um acidente, venha para o hospital agora. Estamos com receio que algo ruim aconteça com ele, o estado dele é grave! Se apresse, por favor! Disse Lucia, a governanta que cuidava de tudo na gigantesca mansão dos Bellucci.
Enquanto dirigia, Antony pensava em como se afastou de seu pai no último ano, como as coisas estavam estranhas entre eles, apesar de ser um homem de negócios, com muitas coisas para resolver, ele sempre encontrava tempo nas datas comemorativas para ficar próximo dele. Os flashbacks dos seus aniversários, do natal, dos presentes e dos inúmeros abraços, foram sendo substituídos pelas brigas e pelo desentendimento que o fez sair de casa.
Assim que chegou no hospital, a pior notícia que ele podia ouvir foi dada. A morte de seu pai foi confirmada, antes mesmo que ele conseguisse expressar todo arrependimento e amor que sentia. A senhora Lucia organizou todo cortejo e enterro, e alguns dias depois de seu sepultamento, os possíveis herdeiros da imensa riqueza do velho foram chamados para que lessem o testamento deixado por ele.
O famoso e rico senhor Henrique Bellucci, era viúvo, e só tinha como família o jovem Antony e sua governanta Lucia, que dedicou anos de sua vida para cuidar da casa e deles dois. A mansão e dois porcentos das ações da empresa ficaram para a mulher, que, apesar das circunstâncias, ficou muito feliz por ter sido lembrada por seu antigo patrão. Todo restante dos bens, como casas, prédios, ações, veículos, e dinheiro ficaram para seu primogênito filho, como já era esperado. Porém, quando o advogado terminou a leitura do parágrafo que se referia as condições exigidas para que Antony, pudesse tomar tudo como seu, deixaram o rapaz perplexo.
— Casamento? O quê? Gritou o rapaz furioso.
— Calma querido. Tentou acalmar Lucia.
— Calma? A senhora está vendo isso? Casar? Meu pai sabia que não desejo me casar tão cedo. Isso é uma loucura. Posso revogar esta condição?
— Infelizmente não senhor Antony, os desejos do falecido devem ser seguidos e eu como advogado da família tenho que garantir que elas sejam cumpridas.
— Isso é inacreditável! Disse o rapaz bufando de ódio e já saindo da sala, até que o advogado gritou e disse:
— Espere, seu pai escreveu algo mais, em letras miúdas.
— O que diz?
— "Como bem conheço meu filho, lhe darei o prazo de um ano para que encontre uma esposa que o ajude a amadurecer. Espero que você escolha a mulher certa, assim como eu fiz, quando pedi a mão de sua mãe em casamento. Um homem sem uma mulher para colocá-lo na linha será sempre um menino. Lembre-se, antes de mais nada, que o amor e o respeito são a base de um casamento feliz. Te amo meu filho. Se cuide!"
No fim daquele parágrafo lido, uma misto de tristeza, saudade e raiva, fizeram cair lágrimas dos olhos de Antony, que não disse mais nada, apenas acenou com a cabeça e saiu. No caminho de volta para casa, o rapaz não conseguia entender o motivo para que seu pai fizesse isso, casamento, sério? Por que casar com uma mulher, se ele podia ter várias, era uma ideia arcaica e bem sem graça aos olhos do jovem.
Ele era um rapaz da noite, vivia em baladas, gastando muito dinheiro toda noite, dormindo com várias mulheres, e bebendo das mais caras bebidas com seus amigos. Esse era um dos motivos que fizeram com que ele e seu pai se afastassem, abandonar a faculdade de medicina também foi outro motivo. Atualmente ele vivia em um belo apartamento na parte nobre da cidade, em um condomínio fechado de alto escalão na cidade do Rio de Janeiro e vivia da generosa mesada que o pai dava a ele e também de alguns bicos que fazia de designer gráfico, na verdade era mais um Hobbie, que um ganha pão, e nisso ele era muito bom, fazia artes gráficas de tirar o fôlego e encher os olhos.
Naquela mesma noite ele decidiu visitar um bordel onde ia sempre, decidido a espairecer um pouco. A boate de Las Niñas, era uma espécie de cabaré mais chique, onde frequentava somente pessoas do alto escalão, lá tinha as mais belas mulheres, que mais pareciam modelos do que prostitutas. A dona da boate, era uma grande amiga de Antony, Carmem, uma espanhola que sempre lhe entregava suas melhores meninas. Devido a parceria de longos anos, eles construíram uma bela amizade, onde ela faturava bastante com suas visitas e ele conseguia tudo que queria.
Antony já tinha sua rapariga preferida, a bela Tiffany, uma mulher de 30 anos que já vivia naquela vida há anos, e que já sabia tudo que o rapaz gostava. Dificilmente ele ficava com outra, e a relação deles ja era mais que só sexo, bom, pelo menos da parte dela. Naquela noite, ele chamou Carmem para conversar e contou tudo que estava acontecendo.
— Seu pai era uma figura mesmo. Disse a mulher sorrindo.
— Conheceu meu pai? Perguntou ele, curioso.
— Agora que ele não está mais entre nós, posso te falar.
— Falar o quê?
— Seu pai passou anos sozinho, depois que sua mãe morreu naquele horrível acidente, quando você ainda era um bebê. Mas, ele era um homem e precisava viver. E como ele não quiz mais se envolver com outra mulher, ele passou a frequentar meu bordel, que naquela época tinha poucas meninas e eu ainda trabalhava em campo, e assim eu passei a ser a rapariga preferida dele.
— Eu não acredito nisso! Exclamou o jovem ainda sem acreditar.
— Acredite, depois que você cresceu e se meteu aqui, nossas visitas passaram em ser em hotéis bem longe daqui. Ele nunca dormiu com outra mulher, apenas comigo. Disse ela deixando cair lágrimas dos olhos.
— Era quase uma relação.
— Que bobagem, meretrizes não se apaixonam, a verdade é que nos tornamos amigos e confidentes.
— Fico feliz em saber disso, sempre achei ele muito sozinho.
— Sentirei sua falta. Olhe, sua rapariga chegou, vá até ela. Na volta conversamos mais. Acho que posso te ajudar. Me procure. Aproveite a noite! Disse a senhora, já saindo, e o rapaz então foi para o quarto com Tiffany.
As mãos de Antony tocaram a bela cintura de Beatriz, esse simples toque fez os jovens se arrepiarem. E ao som de uma melodia calma, eles começaram a dançar. Antony encostou seu rosto no dela, fazendo carícias com sua barba recém crescida, e Beatriz reagia a suas carícias, entrelaçando seus dedos nos sedosos cabelos do rapaz.— Eu quero te pedir desculpas. Não só pela última vez que nós vimos no Rio, mas também por tudo, por ter te colocado no meio daquele contrato idiota.— Não foi idiota, foi ... foi um aprendizado. E sim, eu te desculpo, na verdade, já te desculpei há muito tempo, nem se eu quisesse, conseguiria guardar rancor de você, Antony!— Você ainda continua sendo a única mulher que amei em toda minha vida. Os olhos do rapaz estavam fixados no rosto da jovem.— Mesmo depois de tanto tempo ? Ela perguntou soltando um sorriso de canto.— O tempo nunca foi a cura. Vez em outra, me encontro lembrando dos seus lábios, dos seus beijos e me vejo preso em um passado, um passado que a
— Tia, hoje quero te levar a um restaurante maravilhoso que vi hoje, enquanto caminhava por aí. Disse Antony, assim que chegou no quarto onde sua tia estava hospedada. — Até que enfim apareceu,não te vejo desde ontem. Já arrumou um rabo de saia? — Sempre tia. Ele sorriu com malícia. — Antony,quando penso que se aquietou.. — Vá se arrumar,daqui a uma hora passo aqui para te buscar. — Hum… Tá bem. — Então tá bom, daqui a pouco volto. — Espera! — O que foi? — Você está diferente, parece,hum… muito contente. Esse sorrisão de orelha a orelha tem algum motivo especial ? A noite de ontem foi boa assim foi? — A noite não, mas o dia… Tia, foi mais que perfeito. — Eita,não vai vim com jantarzinho para impressionar suas ficantes não, que eu nem vou. — A senhora não começa não. Beijos,vai lá se arrumar e fique mais linda ainda. Te encontro mais tarde. Ela desconfiava que ele a usaria para impressionar alguma menina boba que havia conhecido na noite anterior, a decepção de não ter enc
— Ai Beatriz!!! Antony levantou-se de supetão. — Vai ficar aqui até quando? Beatriz mais uma vez ignorou a pergunta. — Até semana que vem, eu acho. — Ah… — E você não pensa em voltar para o Brasil? — Bom, acho que não. Não deixei nada lá, não tenho família, amigos… além de ser lembrada como a meretriz, ex esposa do herdeiro da família Belutti, um título que não tenho muito orgulho. — Foi tão ruim assim ser minha esposa ? — Você entendeu né? — Sim, claro. Mas da forma que fala e que foi embora, parece que foi muito pior.— Passei por mals bocados por assinar aquele contrato.— Só tem coisas ruins a lembrar?— Claro que não! As viagens, as festas, você... me proporcionaram bons momentos, não posso negar.Antony sorriu, um pouco envergonhado, um pouco contente.— Só consigo lembrar todas as coisas boas que vivemos juntos.— Antony, vamos deixar o passado no passado. tudo bem ?—Tem certeza que não quer ir agora até meu quarto no hotel? — O que? Não acredito que está me chamando
Antony não desconfiou de nada e Antonella optou por não contar o que fizera, mais um não vindo de Beatriz e ele se sentiria pior do que já estava se sentindo. Ela sabia que o amor quando se é arrancado do peito a força, demora a passar, mas um dia ele iria superar e a única ajuda que poderia dar era tempo e espaço que ele precisava.Apesar de Beatriz falar que estava bem, Antonella mexeu seus pauzinhos e deu uma forcinha, ela sabia que a jovem não teria muita chance de crescimento, vivendo naquela pequena cidade. Ela pagou uma bolsa de estudos fora do país para Beatriz e pediu para que um dos funcionários da faculdade entrassem em contato com Beatriz, dizendo que eles haviam acompanhado sua história e de Antony, além de lerem algumas de suas matérias que foram publicadas, e que gostariam de investir em sua carreira. Claro que ela aceitou, um de seus sonhos era se formar e se tornar uma boa profissional, para isso ela nem pensou duas vezes. A bolsa foi ofertada em Amsterdam, em uma da
Os primeiros dias longe de Beatriz foram cruéis. Antony passou de um garanhão safado, para um apaixonado abandonado. A bebida passou a ser sua única companhia na maioria das noites. Sua tia o via cada vez mais deprimido, ele estava infeliz e ela queria muita fazer alguma coisa para ajudar. Decidida, ela contratou um detetive para encontrar o paradeiro da jovem. Dias se passaram e nada, nenhuma pista de onde ela estava, enquanto isso Antony se afogava cada vez mais em um buraco. — Querido, já faz mais de mês que Beatriz foi embora e você ainda está assim. — Eu não consigo sair dessa fossa. A tristeza que habita em mim, decidiu ficar e não vai mais embora. — Meu filho, a vida não acaba só porque se perde um amor. Você precisa reagir, sair, se divertir. — Não vejo mais diversão em nada. E esta garrafa aqui é minha melhor companhia. Disse ele, levantando sua garrafa de whisky ao alto. — Acha que Beatriz ficaria feliz em te ver assim? — Acho que Beatriz está feliz. Eu fui o erro de
As horas custavam passar, o relógio parecia estar quebrado e Beatriz estava angustiada a cada segundo de espera. Algumas horas depois, ja proximo do amanhecer, Antony apareceu rastejando, se encostando nas paredes:— Antony, o que aconteceu? Está bêbado?— Be-a-triz! Ele mal conseguia formular uma palavra de tão bêbado que estava.— Querido, venha . Vou te colocar para dormir.— Não! Ele gritou.— Vamos, você precisa descansar.— Não! Não quero que me to-quee.— O quê?— Tudo isso é cul-cul-pa sua!— O que está dizendo?— Perdi a diretoria da empresa do me-meu pai e tudo porque me apaixonei por você..Por você... Uma… uma…— Uma o que ? Fala!— Eu fui humilhado, fora todos os olhares tortos no escritório. Ele soluçava.— Eu fui expulsa da faculdade, à base de xingamentos. E você está reclamando de olhares?— Onde eu estava com a cabeça, quando resolvi me meter nessa história toda? Meu Deus! Coloquei uma mulher de rua dentro da minha casa, no meio da minha família, amigos e veja t
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