A esposa meretriz
A esposa meretriz
Por: Tamires Silva
Capítulo 01- O testamento

— Alô? 

— Antony! Seu pai sofreu um acidente, venha para o hospital agora. Estamos com receio que algo ruim aconteça com ele, o estado dele é grave! Se apresse, por favor! Disse Lucia, a governanta que cuidava de tudo na gigantesca mansão dos Bellucci.

Enquanto dirigia, Antony pensava em como se afastou de seu pai no último ano, como as coisas estavam estranhas entre eles, apesar de ser um homem de negócios, com muitas coisas para resolver, ele sempre encontrava tempo nas datas comemorativas para ficar próximo dele. Os flashbacks dos seus aniversários, do natal, dos presentes e dos inúmeros abraços, foram sendo substituídos pelas brigas e pelo desentendimento que o fez sair de casa. 

Assim que chegou no hospital, a pior notícia que ele podia ouvir foi dada. A morte de seu pai foi confirmada, antes mesmo que ele conseguisse expressar todo arrependimento e amor que sentia. A senhora Lucia organizou todo cortejo e enterro, e alguns dias depois de seu sepultamento, os possíveis herdeiros da imensa riqueza do velho foram chamados para que lessem o testamento deixado por ele.

O famoso e rico senhor Henrique Bellucci, era viúvo, e só tinha como família o jovem Antony e sua governanta Lucia, que dedicou anos de sua vida para cuidar da casa e deles dois. A mansão e dois porcentos das ações da empresa ficaram para a mulher, que, apesar das circunstâncias, ficou muito feliz por ter sido lembrada por seu antigo patrão. Todo restante dos bens, como casas, prédios, ações, veículos, e dinheiro ficaram para seu primogênito filho, como já era esperado. Porém, quando o advogado terminou a leitura do parágrafo que se referia as condições exigidas para que Antony, pudesse tomar tudo como seu, deixaram o rapaz perplexo.

— Casamento? O quê? Gritou o rapaz furioso.

— Calma querido. Tentou acalmar Lucia.

— Calma? A senhora está vendo isso? Casar? Meu pai sabia que não desejo me casar tão cedo. Isso é uma loucura. Posso revogar esta condição?

— Infelizmente não senhor Antony, os desejos do falecido devem ser seguidos e eu como advogado da família tenho que garantir que elas sejam cumpridas.

— Isso é inacreditável! Disse o rapaz bufando de ódio e já saindo da sala, até que o advogado gritou e disse:

— Espere, seu pai escreveu algo mais, em letras miúdas.

— O que diz?

— "Como bem conheço meu filho, lhe darei o prazo de um ano para que encontre uma esposa que o ajude a amadurecer. Espero que você escolha a mulher certa, assim como eu fiz, quando pedi a mão de sua mãe em casamento. Um homem sem uma mulher para colocá-lo na linha será sempre um menino. Lembre-se, antes de mais nada, que o amor e o respeito são a base de um casamento feliz. Te amo meu filho. Se cuide!"

No fim daquele parágrafo lido, uma misto de tristeza, saudade e raiva, fizeram cair lágrimas dos olhos de Antony, que não disse mais nada, apenas acenou com a cabeça e saiu. No caminho de volta para casa, o rapaz não conseguia entender o motivo para que seu pai fizesse isso, casamento, sério? Por que casar com uma mulher, se ele podia ter várias, era uma ideia arcaica e bem sem graça aos olhos do jovem. 

Ele era um rapaz da noite, vivia em baladas, gastando muito dinheiro toda noite, dormindo com várias mulheres, e bebendo das mais caras bebidas com seus amigos.  Esse era um dos motivos que fizeram com que ele e seu pai se afastassem, abandonar a faculdade de medicina também foi outro motivo. Atualmente ele vivia em um belo apartamento na parte nobre da cidade, em um condomínio fechado de alto escalão na cidade do Rio de Janeiro e vivia da generosa mesada que o pai dava a ele e também de alguns bicos que fazia de designer gráfico, na verdade era mais um Hobbie, que um ganha pão, e nisso ele era muito bom, fazia artes gráficas de tirar o fôlego e encher os olhos.

Naquela mesma noite ele decidiu visitar um bordel onde ia sempre, decidido a espairecer um pouco. A boate de Las Niñas, era uma espécie de cabaré mais chique, onde frequentava somente pessoas do alto escalão, lá tinha as mais belas mulheres, que mais pareciam modelos do que prostitutas. A dona da boate, era uma grande amiga de Antony, Carmem, uma espanhola que sempre lhe entregava suas melhores meninas. Devido a parceria de longos anos, eles construíram uma bela amizade, onde ela faturava bastante com suas visitas e ele conseguia tudo que queria.

Antony já tinha sua rapariga preferida, a bela Tiffany, uma mulher de 30 anos que já vivia naquela vida há anos, e que já sabia tudo que o rapaz gostava. Dificilmente ele ficava com outra, e a relação deles ja era mais que só sexo, bom, pelo menos da parte dela. Naquela noite, ele chamou Carmem para conversar e contou tudo que estava acontecendo.

— Seu pai era uma figura mesmo. Disse a mulher sorrindo.

— Conheceu meu pai? Perguntou ele, curioso.

— Agora que ele não está mais entre nós, posso te falar.

— Falar o quê?

— Seu pai passou anos sozinho, depois que sua mãe morreu naquele horrível acidente, quando você ainda era um bebê. Mas, ele era um homem e precisava viver. E como ele não quiz mais se envolver com outra mulher, ele passou a frequentar meu bordel, que naquela época tinha poucas meninas e eu ainda trabalhava em campo, e assim eu passei a ser a rapariga preferida dele. 

— Eu não acredito nisso! Exclamou o jovem ainda sem acreditar.

— Acredite, depois que você cresceu e se meteu aqui, nossas visitas passaram em ser em hotéis bem longe daqui. Ele nunca dormiu com outra mulher, apenas comigo. Disse ela deixando cair lágrimas dos olhos.

— Era quase uma relação.

— Que bobagem, meretrizes não se apaixonam, a verdade é que nos tornamos amigos e confidentes. 

— Fico feliz em saber disso, sempre achei ele muito sozinho. 

— Sentirei sua falta. Olhe, sua rapariga chegou, vá até ela. Na volta conversamos mais. Acho que posso te ajudar. Me procure. Aproveite a noite! Disse a senhora, já saindo, e o rapaz então foi para o quarto com Tiffany.

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