A manhã chegou fria em Durang. Eliara vestiu a túnica simples que lhe deram e penteou os cabelos com a calma de quem não devia mais nada a ninguém. Havia decidido. Valkar não teria mais suas reações. Nem dor. Nem raiva. Nem nada. Apenas indiferença — ainda que, por dentro, o medo lhe apertasse o peito como uma garra invisível.
Desceu para o salão, onde Maekor tomava o desjejum. Sorriu suavemente para o menino.
— Dormiu bem, meu pequeno? — perguntou com ternura.
— Muito! Tive um sonho com dragões! — Maekor respondeu animado, sujando a boca com mel.
Ela limpou com um pano e sorriu de novo. Não olhou para mais ninguém.
Valkar, sentado no trono menor ao lado, observava cada gesto.
— Eliara. — Sua voz cortou o salão como um comando.
Ela congelou por um instante. O nome, dito daquela forma, ainda lhe provocava um arrepio na espinha. Mas forçou-se a manter o controle. Não respondeu.
— Eliara — repetiu, mais firme.
Ela respirou fundo, reprimindo o pânico que queria aflorar.