Narrado por Giovani Ferreti
(Ravello, Itália – Capela de Santa Maria Assunta)
O altar era um altar para deuses, toda a decoração a meu gosto, ao gosto dela, era o nosso gosto em comum, escolhido entre perguntas e olhares silenciosos.
Colunas de mármore puro, trabalhadas à mão, erguiam-se como braços romanos apontando para o céu. Lustres venezianos pendiam como lágrimas congeladas, lançando reflexos dourados nas paredes cobertas por tapeçarias com brasões antigos. O cheiro de incenso se misturava ao aroma de gardênias frescas. Era o dia perfeito. A cerimônia perfeita.
E, ainda assim, tudo era mentira.
O véu esvoaçava à frente, e por trás dele — Scarllet.
Mas não era ela que meus olhos procuravam.
Não era ela que minha memória insistia em repetir.
Era Antonella.
Seus gemidos abafados contra meu peito naquela noite em seu quarto, ou naquela manhã no meu.
Sua boca dizendo que me queria enquanto arqueava sob meu corpo.
Suas unhas cravadas nas minhas costas.
Aquela entrega absurda e contra