Giovani Ferreti
O silêncio daquele corredor me irritava mais do que gritos. Era um silêncio úmido, disfarçado de paz, mas que cheirava a traição. Meus passos ecoavam com fúria contida atrás de Pablo Bellini, que andava à minha frente como se nada estivesse fora do lugar. Como se eu não estivesse prestes a explodir por dentro.
O véu. O vestido. A mulher no quarto, usando aquele vestido.
Não era Antonella.
Mas ela fingia que era.
Entramos no quarto revestido de madeira escura. Pablo se virou com a calma de um velho que acreditava ter o mundo nas mãos, fechou a porta com cautela, como se estivesse me oferecendo um presente precioso — quando, na verdade, me entregava um veneno embrulhado em cetim.
— Com o casamento entre você e minha filha — disse ele, ajeitando os punhos da camisa com ares de quem dita o destino —, a aliança entre os Ferreti e os Bellini continua firme. Como sou sem filhos, sem herdeiros... quando eu morrer, tudo será de vocês. Tudo será seu, Giovani Ferreti. Nada, nem n