Reunião em familia.
NARRADO POR ANTONELLA BELLINI
O cheiro de ferrugem, mofo e urina seca me acompanhou desde que me jogaram no porta-malas daquele carro escuro. Somente de calça jeans, blusa vermelha de mangas compridas, e botas, tinha sido o look escolhido aquela manhã para ir ao esconderijo com Ava e Pablito.
Não sabia onde estava. Só sabia que era frio. E russo, notei pelo idioma.
Fui tirada de lá com mãos ásperas me puxando pelos cabelos. Gritos numa língua que não compreendia, eu os odiava, desde que chegaram a San Marino, desde o idioma não tem humor.
Quando me penduraram de ponta cabeça no meio de um galpão escuro, a única coisa que fiz foi morder a língua e calar.
— Onde está o garoto?
— Que garoto?
A primeira surra veio com gosto, socos no estômago, tapas, choques nas costelas.
Não respondi.
Continuei com a história que criei, mas a minha mente ainda seguia aquele caminho, uma parte de mim ainda estava atrás daquela mulher loira, correndo com os meus filhos nos braços, chorando assustado, eu