Antonella Bellini
A noite foi um martírio.
Não dormi um segundo.
As sombras da madrugada dançavam pelas paredes do quarto como presságios. Cada pequeno barulho, cada ranger da madeira, cada ruído abafado do lado de fora me fazia saltar o coração.
A mala já estava meio pronta — sempre esteve, na verdade.
Andava de um lado para o outro em casa, acuada, amendrontada.
Quando Ava chegou, com Pablito aninhado no colo, o vento frio cortando o rosto.
Ela entrou porta a dentro e me olhou como quem já sabia.
— Você não dormiu — murmurou, olhando o estado em que eu estava. — Ele veio mais cedo como sempre.
— Preciso que me ajude — disse, quase sem fôlego. — Ele está ficando mais instável. Giovani me viu ontem. Eu preciso de um tempo... preciso que o distraia, que o segure em Seattle por mais alguns dias.
Ava arregalou os olhos, fechando a porta atrás de mim.
— Você quer que eu engane meu filho?
— Só por um tempo. Eu... eu vou entrar em contato com meu pai. Ele precisa saber da existência do ne