Narrado por Giovani Ferreti
Eu senti ódio.
A mataria, se ela ousasse.
Minha mãe é insubstituível.
A bile subiu pela minha garganta quando ela gemeu na minha boca.
E quando senti o calor entre suas pernas, o tecido úmido da calcinha colando na minha pele... eu a quis.
Fazia meses que não desejava uma mulher.
Vinte e três meses, pra ser exato.
Depois de Antonella, as outras foram apenas vultos — reflexos distorcidos do que é ser mulher de verdade.
Mas aquela...
O gosto ainda queimava em minha boca.
A pele, o toque, o gemido — tudo tão familiar.
E o corpo... Deus, o corpo dela era divino.
Eu a mataria, se pudesse. Mas quando ergui seu rosto e encarei aqueles olhos verdes cravados nos meus, engoli em seco.
A ameaça estava ali — velada, dura, silenciosa.
A boca cerrada, os dentes travados.
Soltei-a. Não por compaixão, mas por incredulidade.
Não podia ser.
Saí da boate como se estivesse em chamas.
Procurei. Vasculhei cada canto. Nada.
— Silvano! — berrei, com a música ainda martelando no fu