Narrado por Antonella Bellini
Eu não queria ir.
Não era medo.
Era um pressentimento.
Scarllet estava eufórica, girando pelo quarto como uma criança que sonha com contos de fadas. Escolhia sombras, joias, sapatos de salto agulha.
Enquanto isso, eu observava pela janela da varanda o pôr do sol morrer lento atrás dos telhados de San Marino, como se a cidade também estivesse segurando o fôlego.
— Anda, Antonella, por favor! Vai ser a festa do ano! — ela insistia, abrindo meu armário e puxando vestidos que há muito deixei de usar.
— Não vou. — repeti, firme. — Não hoje.
Mas nem os argumentos de Scarllet, nem o olhar suplicante de mamãe foram capazes de mudar minha decisão.
Meu pai, entrou em casa com a gravata solta, o semblante pálido e as mãos trêmulas. Vi o suor escorrendo pelo colarinho do paletó quando ele me chamou.
— Preciso falar com você. Agora. — disse, a voz embargada. Não era um pedido.
Ele me arrastou até o escritório. Trancou a porta. O som da chave girando fez meu estômago a