Narrado por Antonella Bellini
Eu me senti entregue à ousadia.
E naquela noite, eu podia extrapolar.
Queria mais do que o controle de sempre. Mais do que fingir que ser invisível era uma escolha estratégica. Saímos em quatro — Stephanie, e outras duas cujos nomes eu não me esforcei para decorar. Talvez não importasse. Entramos como quem não pede licença. A boate pulsava em vermelho e preto, uma selva de corpos bonitos, drinks caros e intenções torpes. Dinheiro? Todos tinham. Máscaras? Também.
Falávamos sobre bolsas novas, sapatos da última coleção, vestidos que “dizem tudo sem mostrar demais”. Futilidade com gosto de champanhe e veneno. Mas eu queria o oposto: algo sujo, quente, perigoso. Algo que lembrasse que o sangue que corre em mim não é só feminino — é Bellini. É pólvora.
Foi então que me levantei.
Saí da mesa como quem abandona uma mentira.
Entrei na pista e deixei que a música me tomasse.
Girei lentamente, quadris desenhando círculos, braços ao alto, os cabelos deslizando pelos