Narração por Antonella Bellini
A casa que antes me embalava em silêncios acolhedores agora parecia gritar. As paredes carregavam ecos, os passos reverberavam em tons cortantes, e cada objeto parecia ter se tornado uma testemunha silenciosa de um crime emocional.
Estava tudo mais frio, mais sombrio. A brisa que antes passava pela varanda com cheiro de lavanda agora era cortante, como se o próprio ar me acusasse por algo que eu não sabia como evitar.
E Scarllet…
Ela era a tempestade dentro do meu inferno doméstico.
— Você é cruel, Antonella! — ouvi gritar do corredor. — Você não sabe o que está fazendo!
As palavras dela vinham como flechas de vidro. Já tinha passado pela sala como um furacão, esbravejando, chorando, arrastando a dor pelos cômodos como uma noiva de luto. E agora, vinha no meu encalço.
Fechei a mala com um estalo seco, dobrando as últimas roupas com mãos trêmulas. Precisava sair dali. Voltar para a capital. Respirar em algum lugar onde não me culpassem por toda a merda do