Narração por Giovani Ferreti
O céu era bastante escuro, as ondas do mar bastante revoltas quando decidi não ir embora. Podia ter partido, deixado a poeira dos pneus apagar os rastros daquela noite insana, mas preferi a areia fria sob os pés e o sal ardendo nas narinas. Permaneci ali. Esperando. Por ela.
Antonella.
A mulher que não deveria ser minha, mas que agora era o único nome que fazia sentido em minha boca.
O ronco do carro foi o aviso. Não precisei olhar pra saber quem era. O velho Bellini. Desceu devagar, com o corpo cansado, mas o olhar de quem ainda carregava a honra de mil gerações nas costas. Ele respirou fundo, como se aquele momento fosse o fim de algo que ele tentou evitar por anos.
— O que faz aqui, Giovani? — disse sem rodeios, parando a poucos passos de mim. — Posso saber por que essa loucura? Descartou a minha primogênita... e agora quer a minha caçula? Não te ensinaram a honrar promessas?
Sorri. Um riso vago, quase preguiçoso, mas que escondia todo o veneno que meu