Em outro dia, a encontrei na padaria do bairro. Eu estava de costas, escolhendo um bolo, quando ouvi sua voz às minhas costas, leve e debochada:
— Você pode parar de me seguir? Já tá ficando meio óbvio. Levei um susto, quase derrubei o pacote de biscoito da prateleira. Me virei assustada e a encontrei rindo, os olhos apertados de tanto rir. Bati de leve no braço dela, como uma criança birrenta tentando disfarçar o constrangimento. — Idiota. Ela riu ainda mais, e eu ri junto. Aquilo durou menos de um minuto. Mas deixou o dia inteiro mais leve. Outra vez, a peguei olhando pra mim de longe, durante uma aula vaga no pátio. Nossos olhos se encontraram e, antes que eu pudesse evitar, um sorriso escapou dos meus lábios. Um sorriso bobo, pequeno. Mas real. E ela retribuiu. Sutil, mas retribuiu. Foram encontros esporádicos, desconexos, mas que formavam uma linha invisível entre nós. Uma linha que eu ten