As calçadas pareciam mais longas do que o normal naquela tarde silenciosa. O peso nos meus ombros era maior do que qualquer mochila poderia causar. Cada passo em direção à minha casa parecia puxado por fios invisíveis de lembranças, expectativas frustradas e um cansaço emocional que gritava em meu peito.
Caminhava devagar, abraçando meus próprios braços como se pudesse me proteger do mundo. Meu olhar distraído vagava pelas casas conhecidas, pelos muros bonitos e pelas flores que escapavam dos jardins como se também quisessem fugir de suas próprias histórias. Foi então que a vi.Ever.Parada em frente ao portão de casa, os braços cruzados, os olhos perdidos em algum ponto entre o nada e o meu coração. Quando nossos olhares se cruzaram, o dela vacilou. Em um reflexo abrupto, ela se virou e entrou, desaparecendo como se minha presença fosse um erro, uma lembrança inconveniente.Meu peito apertou. Um buraco silencioso se abriu dentro de mim.