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Entre! Por coincidência, estávamos falando de você.

Anna

No dia seguinte, como de costume, acordo cedo. Quero encontrar meu pai em casa antes que ele saia para o trabalho.

Deixo o pequeno quarto que fica na ala dos funcionários e sigo por um corredor que leva aos fundos do hotel. O movimento já começou: pessoas apressadas saindo de seus quartos, ajeitando os uniformes, o cheiro de café misturado ao de produtos de limpeza.

Abro a porta de acesso restrito aos empregados — ela dá direto no estacionamento. Mas não vou pegar o carro. Prefiro cortar caminho até o ponto de ônibus. Ele deve passar em uns dez minutos; se eu perder, terei de esperar mais meia hora.

Caminho entre os carros quando avisto Hassan, o árabe. Instintivamente, me escondo ao lado de um SUV e, curiosa, o observo. Meu coração, sempre tão traidor, começa a acelerar.

Ele está sorrindo, falando ao telefone. A outra mão segura uma maleta executiva. Usa um terno cinza-chumbo impecável, que realça os ombros largos.

Alto. Forte. Imponente.

Por que não simplesmente magnífico?

Um homem abre a porta do carro para ele entrar, enquanto outro assume o volante do BMW. Só então percebo o senhor que o acompanha — um homem mais velho, de expressão austera, que se acomoda ao lado dele.


Hassan

Enquanto o carro se move, continuo falando com minha mãe.

— Filho, quando você vem nos visitar?

— No próximo fim de semana, mãe. Estarei aí.

— Que bom. Seu pai não anda bem.

— Está abusando do sal de novo?

— Ah, quem me dera se fosse só isso. Ele anda muito cansado... está fazendo exames.

Eu suspiro.

— Ele precisa dar um tempo no trabalho. Omar pode assumir. É competente. Vocês deviam tirar umas férias.

— Ligue para ele e convença aquele cabeça dura.

— Farei isso.

Ela faz uma pausa.

— Hassan... você ainda não respondeu ao seu pai.

Eu sei do que ela fala. Ele quer saber se pode começar a procurar “a mulher certa” para mim. Sem minha resposta, ele não pode dar esperanças a nenhuma família.

— Ainda não tenho uma, mãe. O trabalho me prende aqui.

— Filho, ele anda uma fera por causa disso.

— Eu ligo para ele mais tarde, prometo.

Desligo e encosto no banco, respirando fundo.


Anna

Vejo o BMW se afastar. Atrás dele, dois homens de terno preto entram em outro carro e seguem na mesma direção.

Pisco algumas vezes, tentando me recuperar da imagem de Hassan.

Por que ele tinha que ser árabe?

Poderia ser de qualquer outra nacionalidade.

Respiro fundo, saio do meu esconderijo e apresso o passo até o ponto de ônibus. Mal chego e o coletivo já se aproxima. Faço sinal, ainda sentindo o coração bater mais rápido do que deveria.


Anna

Minutos depois, estou tomando café da manhã com meu pai. Depois de um acesso de tosse, ele me pergunta:

— E então? Novidades?

— Pai, o senhor precisa ir ao médico. Não é porque mudamos de cidade que o senhor vai relaxar.

— Eu sei, mas não muda de assunto. Perguntei primeiro de você.

— Quem está mudando de assunto? Estou preocupada com o senhor. Essa tosse seca não é normal.

Ele solta o ar devagar.

— Quando der, eu vou.

— Pai, o senhor está pagando o convênio?

Ele desvia o olhar. Meu coração aperta.

— Não consegui pagar este mês.

— Pai! O senhor não pode falhar com o convênio! É por isso que não voltou ao médico?

Ele apenas assente. Levanto-me, abraço-o por trás e beijo sua cabeça grisalha. Depois me agacho ao lado dele.

— Estamos com problemas financeiros então?

— Este mês quase não entrou serviço na oficina. E eu sou comissionado.

Aperto os lábios, tentando conter o tremor.

— O certo seria o senhor não trabalhar mais. Eu queria poder cuidar de toda a parte financeira.

Ele força um sorriso.

— Você já faz muito, minha querida.

— Vou tentar arrumar um emprego também de manhã — digo.

Meu pai suspira e me olha com tristeza.

— E o remédio? Está tomando direitinho o que o médico receitou?

— Estou — ele responde, mas o sorriso que dá me faz duvidar.

— Então me mostra o vidro. Quero ver quantos comprimidos faltam.

Ele solta o ar.

— Acabou segunda-feira.

— Deus, pai! Três dias sem tomar o remédio?

— Quando eu receber, eu compro.

Endireito-me e tento sorrir, como se pudesse afastar o medo.

— Tudo bem. Agora tome seu café, se alimente bem e não se preocupe com as contas. Eu vou dar um jeito.

Ele tosse novamente antes de dizer:

— Talvez eu devesse procurar outro emprego também.

Ai, que aflição vê-lo assim.

— Não! Essa é a sua profissão. E qualquer outro trabalho exigiria demais do senhor. Agora vamos, coma direito.

Sento-me de novo.

— E você? Como andam as coisas? — ele pergunta, colocando queijo dentro do pão.

— A rotina de sempre. Está tudo bem comigo, não se preocupe.

Ele suspira.

— Uma pena você não poder estudar.

— Pai, está tudo bem. Dias melhores virão, prometo.

Quando ele sai para o trabalho, fico sozinha com meus pensamentos.
Preciso arrumar um novo emprego.

Meu pai não pode ficar sem remédio. Ele tem asma — e na idade dele, uma crise pode ser fatal. Tenho que conversar com meu gerente e pedir um aumento. Explicar minha situação.

Afasto os pensamentos tristes e começo a arrumar a cozinha.

O resto do dia passa igual aos outros: limpo, organizo, preparo o almoço. Almoçamos juntos, conversamos amenidades — eu finjo leveza, ele finge força.

À tarde, compro o jornal e vou direto aos classificados. Muitos anúncios, mas quase todos para homens: ferramenteiro, manobrista, segurança...

Fecho o jornal desanimada. Preciso me arrumar para o trabalho. Sem ânimo para pensar em combinações, visto um tubinho preto e sandálias da mesma cor.

Hoje vou mais cedo. Preciso desse aumento. Sei que ainda estou há pouco tempo no emprego para exigir algo, então vou apelar: abrir meu coração para o gerente, contar sobre a doença do meu pai, sobre os remédios.

Quando o ônibus me deixa em frente ao hotel, atravesso o estacionamento meio ressabiada — ainda penso naquele árabe. Passo rapidamente entre os carros e sigo até a porta exclusiva dos funcionários. Mas, em vez de ir ao camarim, sigo pela ala norte, onde ficam os escritórios, e procuro a sala da gerência.

A antessala está vazia, então me sento. Dez minutos se passam e a secretária não aparece. Soltando o ar, levanto-me e caminho até a porta. Atrás dela, ouço risadas e uma conversa animada.

Respiro fundo e bato. A porta se abre. É o próprio gerente, o senhor Thomas Henry.

— Senhorita Sanders — ele diz, sorrindo. — Entre! Por coincidência, estávamos falando de você.

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