A reunião tinha acabado há quase uma hora, mas eu ainda sentia o perfume dela preso na gola da minha camisa.

Coisa irritante, esse tipo de detalhe.

Eu estava revisando e-mails quando a batida na porta veio — firme, certeira, sem hesitação.

Ágatha Heil não pedia permissão.

Ela tomava o espaço.

— Tem um minuto? — perguntou, já entrando.

— Você nunca pergunta isso quando vai me dar ordens.

Ela ignorou a provocação e fechou a porta atrás de si.

O som do clique pareceu mais alto do que deveria.

— Eu quero entender uma coisa. — começou, apoiando as mãos na mesa. — Por que você deu aquela entrevista?

Levantei o olhar do notebook.

— Que entrevista?

— Não começa, Dante. — rebateu, cruzando os braços. — Aquela em que você me defende como se eu fosse parte do seu patrimônio.

— Patrimônio é uma palavra interessante.

— Não brinque comigo. Você sabe o que fez.

Suspirei, encostando-me na c