Mundo ficciónIniciar sesiónSe existir uma medalha para quem tenta fugir de fantasmas com um rodo e um litro de desinfetante, eu mereço.
Porque era exatamente isso que eu fazia às nove da manhã: limpeza emocional em formato doméstico. Já tinha aspirado o tapete três vezes. O tapete. O mesmo que Dante derramou vinho uma noite — e eu ainda juro que o cheiro do Cabernet continuava ali, debochando de mim. — Que droga de tapete arrogante. — murmurei, empurrando o aspirador com raiva. O apartamento estava impecável. E ainda assim, parecia sujo. Sujo dele. Cada canto tinha uma lembrança que eu não pedi pra guardar. O sofá onde ele dormiu (mentira, ninguém dormiu), a caneca que ele usou e eu escondi no armário, como quem esconde uma arma do crime. Até a maldita camisa branca esquecida na lavanderia. Sim, ela ainda estava lá.






