A pasta sobre a mesa parecia mais pesada do que realmente era. Como se contivesse, além de papéis envelhecidos e documentos amarelados, os ecos de uma história que nunca foi contada. Eleanor a abriu devagar, como se desvendasse algo sagrado, sentindo o cheiro característico de papel antigo misturado com poeira. Theo sentou-se ao lado, atento, os ombros tensos, a respiração presa.
Arthur Bellamy não disse mais nada. Apenas se levantou, acendeu um pequeno abajur no canto da sala e desapareceu por um instante, deixando os dois sozinhos com a verdade prestes a se revelar. E ali mesmo, eles começaram a examinar os papéis.
As primeiras folhas continham recortes de jornais. Manchetes antigas, algumas borradas pelo tempo:
“TRAGÉDIA NO LAGO: MENINO DE 10 ANOS É ENCONTRADO SEM VIDA.”
“DESAPARECIMENTO DE AMÉLIA RAVENSCROFT INTRIGA AUTORIDADES.”
“CASA RAVENSCROFT ENVOLTA EM SILÊNCIO E SEGREDOS.”
Eleanor passou para a próxima página. Uma folha datilografada, com anotações manuscritas nas margens.