Francesco
Nova York fede.
Fede a pretensão, a dinheiro sujo, a arrogância disfarçada de tradição. Eu cheguei ali achando que ainda era alguém. Mas fui tratado como o que sou para eles: um nada. Um cão de guarda sem nome.
Sentado na ponta da mesa, espremido entre dois brutamontes, eu mal conseguia respirar. Os olhos do Don Marino — aquele bastardo que se acha rei porque comanda três bairros e meia dúzia de políticos corruptos — me cravavam como se eu fosse uma piada.
— “Então você vem da Itália e acha que vai sentar aqui como um de nós?” — ele disse, enquanto mastigava um charuto apagado.
— “Sou Francesco. Minha filha é casada com Enrico, Don da Casa Nostra.”
Usei o nome de Enrico como uma arma. Como um escudo.
Erro.
O Don riu. Alto. Escancarado. Aquela risada ecoou pelas paredes como um tapa na cara.
— “Você? Pai da Giulia? Deve achar mesmo que é, mas para mim, não passa de um verme, não serve nem mesmo para cobrar os nossos pontos, você acha que está sendo pago para que? Me