Giulia
Depois da ligação, senti um medo que nunca havia sentido antes.
E não era como os medos bobos da infância, medo do escuro, de monstros, de não ser aceita. Era um medo que crescia por dentro, como um veneno. Um medo que não tinha rosto, nem som. Mas me paralisava inteira.
Sempre fui determinada. Desde pequena. Sabia o que queria, o que gostava, o que odiava. Era a princesa da mamãe, cercada de cuidados, sempre segura, sempre protegida. Cresci acreditando que essa proteção era amor. Descobri tarde demais que era só uma preparação para algo que estava por vir. Eu estava sendo preparada para ser a senhora Damasceno, uma dama da alta elite que sabia se portar perante o mundo, eles só se esqueceram que eu pensava por mim mesma.
Cada dia que passava, mais uma ligação. Mais uma ameaça. Mais um sussurro no meu ouvido que me fazia acordar suando, tremendo, chorando sem entender se ainda estava dormindo.
— “Você acha que ele vai te salvar?”
— “Quando o sangue escorrer, vai ser