Victorio
O uísque descia queimando, mas a sensação era quase prazerosa. Victorio apoiava o cotovelo na bancada do bar decadente, iluminado por letreiros de néon trêmulos e frequentado por homens perigosos e mulheres que já tinham visto demais. O cigarro entre seus dedos queimava lentamente, soltando uma espiral de fumaça que se dissolvia no ar carregado de promessas quebradas.
Ele olhava fixamente para o fundo do copo, a mente longe dali — ou talvez perto demais. O rosto de Giulia invadia sua cabeça sem pedir licença, como fazia todas as noites desde que ela sumira. Desde que ousara rejeitá-lo. Desde que fugira de um destino cuidadosamente arranjado.
Desde que fora parar nos braços de outro homem.
Seus olhos se estreitaram, e ele girou o copo com raiva contida.
O celular vibrou. Uma mensagem de Ricardo. E logo em seguida, a ligação.
— Fala. — Sua voz saiu baixa, mas afiada.
— Achei. — Ricardo não precisava de introduções. — O lugar onde a menina tá escondida. A mansão do Enrico