Capítulo 90

Aurora gritou o nome de Enrico como quem gritava por si mesma. Uma prece, um lamento, um último pedido ao destino que sempre lhe fora cruel. O som dos pneus queimando o asfalto ecoava na rua como um aviso tardio. Ele estava caído ali, imóvel. O homem que sempre fora maior do que a vida, o homem que parecia indestrutível.

Agora era só um corpo vulnerável entregue ao chão frio.

— Enrico! — A voz dela cortou o dia — desesperada, rouca e descomposta.

As pessoas começaram a se aproximar. Vozes se misturavam, sons se atropelavam. O sangue escorria lento pelo rosto dele, desenhando linhas tortas, vermelhas. O motorista do carro fugira covardemente, como tudo que Tommaso representava. Aurora se ajoelhou ao lado de Enrico, as mãos trêmulas

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