NARRADO POR LORENA MELLO
Hotel Serramar — 6h17 da manhã
Acordei com a cama vazia.
O corpo ainda quente.
O lençol… molhado.
Molhado do que a gente foi.
Do que ele deixou.
E ele… não estava.
Virei devagar.
O travesseiro afundado.
O cheiro dele ali.
Mas a ausência… gritando mais alto.
E no canto, na mesinha…
a aliança.
Sem bilhete.
Sem palavra.
Sem futuro.
Peguei.
Fria.
Firme.
Pesando mais que o próprio dedo.
Coloquei.
E chorei.
Porque naquele momento… nem eu sabia se aquilo era um começo…
ou só um adeus bem maquiado.
Fiquei sentada na beirada da cama.
O corpo ainda doía da surra de prazer.
Mas o peito…
o peito doía diferente.
Fechei os olhos.
“Ontem à noite…
foi só uma foda?
Foi gratidão?
Foi culpa?
Foi a forma dele dizer obrigado…
por eu ter ficado?”
Apertei a aliança.
“Ou foi amor mesmo…
mesmo que ele nunca tenha dito?”
Mas aí veio o pensamento mais cruel.
O mais baixo.
O que cortou mais que qualquer dor