Narrado por Caio Valença
Os dias seguintes foram um borrão.
Um inferno cinza onde as paredes pareciam se fechar centímetro por centímetro em volta da minha garganta.
Tentei me mover.
Tentei ligar pra aliados.
Tentei ameaçar.
Prometer.
Comprar.
Mas cada porta que eu batia...
Fechava na minha cara.
Um por um.
Os sócios que antes me apoiavam.
Os advogados que antes juravam lealdade.
Os diretores que sorriam nas minhas reuniões.
Todos.
Todos começaram a escorregar pelos dedos como areia molhada.
Telefone na orelha.
Voz cortada pela desculpa ensaiada:
"É uma questão estratégica, Caio."
"Preciso pensar no que é melhor para o futuro da empresa."
"Não é pessoal."
Pessoal?
A porra do mundo era pessoal.
Cada ligação desligada era uma facada nova.
Cada e-mail ignorado.
Cada reunião "adiada".
Cada porta fechada que parecia sussurrar na minha cara:
"Acabou."
E o pior?
Eu não sabia quem tava puxando as cordas.
Não sabia quem tava armando o tabuleiro pelas minhas costa