— Só uma coisa — disse ele, com aquele tom casual que só servia pra irritar ainda mais. — Acho um pouco injusto, Max, ela não poder sair comigo. A visita foi profissional, respeitosa. Você confia nela ou não?
Max girou lentamente, como se estivesse se segurando com tudo que tinha. O olhar dele encontrou o de Victor e, por um segundo, achei que ele fosse atravessar a sala e quebrar alguma coisa — ou alguém.
— Eu confio nela — rosnou. — Em quem eu não confio é em você. Porque eu conheço muito bem o tipo de homem que você é. E eu sei ler quando alguém olha pra minha mulher querendo mais do que uma conversa profissional.
Victor deu de ombros, como quem dizia “culpa não é m
CharlotteO elevador deslizou suavemente até o andar da presidência, e o som familiar da campainha anunciou nossa chegada.— A visita foi ótima — Victor comentou, ajeitando a manga da camisa como se tivesse acabado de sair de um desfile e não de um hospital.— Foi sim. — Concordei, tentando manter a voz neutra, mesmo com a tensão crescendo dentro de mim.Enquanto andávamos pelo corredor silencioso, meu celular vibrou. O nome de Max apareceu na tela. Com o mesmo comando de antes.Max: “Sala. Agora.”Meu estômago afundou.<
MaxSaí da sala assim que a porta bateu, o coração já martelando no peito com um mau pressentimento. O corredor estava vazio. A mesa dela... vazia. O tablet desligado. Nenhum sinal de Charlotte.Merda.Acelerei o passo até o elevador, pronto pra descer atrás dela, mas uma voz estridente me cortou no meio do caminho.— Max! Amor! — Olivia.Virei devagar, como se meu corpo recusasse obedecer, e vi a mulher vindo em minha direção com um sorriso ensaiado e braços abertos como se a gente estivesse num maldito comercial de perfume.Ela tentou me abraçar. Segurei seus pulsos no ar.
Eu saí logo atrás, sem pressa. Sabia que Max não encontraria o que procurava lá fora — Charlotte já tinha ido embora com o orgulho ferido e o coração em chamas. E quando uma mulher com aquele fogo vira as costas, meu caro... não é fácil trazê-la de volta.Cruzei o hall com as mãos nos bolsos e um sorriso preguiçoso no rosto. Lá estava ela: Olivia. Com aquele salto alto de quem pisa em cima de qualquer um, a maquiagem impecável e a fúria borbulhando sob a pele bronzeada. Uma tempestade pronta pra explodir.— Calma, tigresa! Olivia, eu sou Victor. — soltei, me aproximando com aquele meu tom casual, como quem chega pra apagar o incêndio... ou atiçá-lo.Ela virou-se com a e
CharlotteO barulho me arrancou do sono como um tapa.Toques fortes. Impacientes. Quase agressivos.Eu pisquei, confusa, tentando entender se ainda estava sonhando. Mas as batidas voltaram, mais altas, sacudindo minha porta como se alguém quisesse derrubá-la.— Droga… — murmurei, me arrastando da cama, ainda tonta.O relógio marcava 23h47. Um sábado à noite. Um sábado que eu passei inteira deitada, com a cabeça explodindo e o estômago embrulhado.Desde a sexta-feira, depois daquele circo todo na empresa, eu ignorei todas as ligações do Max. Foram muitas. Ligações. Mensagens. Vozes
. Meu estômago revirou. A pressão no peito subiu como se algo estivesse me empurrando por dentro, me apertando até não sobrar ar.O gosto ácido na garganta me fez perder qualquer tentativa de parecer firme.Levei a mão à boca, virei nos calcanhares e corri para o banheiro.Mal tive tempo de levantar a tampa da privada antes de me ajoelhar e colocar tudo pra fora. As contrações do estômago vinham em ondas, cada uma pior que a outra, me arrancando o pouco de dignidade que me restava.Ouvi passos atrás de mim. Max.— Lotte? — a voz dele veio baixa, cautelosa, preocupada.— Sai... — murm
Max se mexeu devagar, os cílios pesados se abrindo aos poucos. Os olhos dele me encontraram, ainda sonolentos, mas tão azuis que por um instante eu esqueci como se respirava.— Hm… — a voz saiu rouca, arranhada pelo sono. — Isso é um sonho ou você realmente tá me olhando como se gostasse de mim?Sorri, baixinho.— Depende… você vai se comportar hoje?Ele riu de leve, a risada quente vibrando contra meu peito quando se aproximou, ainda deitado, e tocou minha cintura com carinho.— Se isso significa ficar aqui, desse jeito, com você… talvez eu consiga.Deslizei a mão pro cabelo bagunçado dele, penteando com os dedos, enquanto os olhos dele se fechavam por um segundo, como se aquele
Dois meses depoisAcordei com o coração acelerado, mesmo sem pesadelos. A claridade suave da manhã entrava pelas frestas da cortina, iluminando o quarto em tons dourados. Max ainda dormia ao meu lado, respirando profundamente, o rosto mais calmo do que eu me lembrava de já ter visto.Virei de lado, olhando pra ele por um instante. Aquela versão dele, tranquila, vulnerável... era quase cruel. Porque enquanto ele parecia em paz, eu sentia como se tivesse um redemoinho dentro de mim.O enjoo da noite passada... o enjoo do dia anterior. A dor de cabeça. A exaustão. Tudo começava a formar um desenho incômodo na minha mente.E foi aí que me dei conta.Menstruação.Meus olhos se arregala
O quarto da Clara era escuro e silencioso, só um filete de luz escapava pela fresta da cortina. Eu entrei devagar, sentindo o cheiro de coberta, sono e perfume adocicado.Me aproximei da cama e me sentei com cuidado na beirada, olhando pra ela ali, toda enrolada no edredom.— Clara... — chamei baixinho, tocando de leve no ombro dela.Ela resmungou, se virou de lado com os olhos ainda fechados, a voz arrastada de sono:— Hmm? Que foi?Engoli em seco. A garganta apertada, as mãos geladas.— Porra... — soltei num sussurro, sentindo o peito pesar. — Acho que tô grávida.Ela abr