O momento em que as linhas douradas, prateadas e roxas se acenderam na parede da montanha, formando aquela fenda de luz viva, não foi apenas a abertura de uma porta.
Foi a ruptura de um limiar.
Uma fronteira invisível entre dois mundos. Entre aquilo que era possível... e aquilo que só podia existir onde as regras da criação haviam sido escritas diretamente pela mão dos deuses.
Quando deram o primeiro passo através daquela fissura — que parecia feita de luz sólida, cintilante, vibrante como o som de um canto ancestral —, o mundo... mudou.
A pedra da montanha se desfez como pó de estrelas ao redor deles. O vento deixou de ser vento e passou a ser uma melodia — suave, pulsante, viva. E, no lugar da parede maciça de rocha, abriu-se um corredor translúcido, feito de cristal e névoa, com espirais de luz girando lentamente, guiando seus passos.
O limiar era... a própria realidade cedendo.
Atrás deles, Veridia. O mundo quebrado. O mundo sob a maldição, sob a Névoa, sob as cicatrizes da guerra