As cinzas ainda não haviam assentado sobre a pele do mundo quando os primeiros olhos começaram a se abrir. Olhos de quem sobreviveu. De quem fugiu. De quem viu o inferno tomar forma... e não sabia como seguir respirando depois daquilo.

Vilas inteiras agora eram apenas cicatrizes no mapa. Halmir. Laret. Ravner — essa, nem cicatriz tinha mais, apenas vazio. Velkas, devorada pelas distorções no tempo. Virnas, ainda corroída pelas presenças negras que caminhavam à luz do dia como se a própria realidade tivesse desistido de se manter inteira.

No entanto, nem todos foram engolidos.

No subsolo, bem abaixo das trilhas, das pedras, dos escombros, uma velha verdade pulsava. Um segredo tão antigo que nenhum homem vivo — nem mesmo Vermon — sabia ao certo quando começou.

Kaerdum.

Ela não era uma cidade. Não apenas. Era um ventre. Um relicário esculpido nas entranhas da terra por mãos que já não existem, por vozes que não ecoam mais neste mundo. Eram os Deuses Antigos, ou aquilo que o mundo chamou