Capítulo 46 – Quando a Carne Fala

A névoa chegou primeiro. Não a mesma que dançava nas manhãs frias de Veridia, mas uma massa espessa, escura, pulsante, como se cada partícula carregasse dentro de si o grito abafado de mil agonias. Ela se arrastava como dedos invisíveis, penetrando frestas, janelas, respirando junto às paredes e sufocando qualquer cheiro que não fosse medo.

O vilarejo de Ravner estava silencioso — mais silencioso do que deveria. Nem os cães latiam. Nem os grilos ousavam cantar.

Então vieram os sons.

Estalos secos, como ossos quebrando sob um peso invisível. Um som úmido, orgânico, algo entre o rasgar de carne e o triturar de cartilagem. E, junto, um cheiro. Deus algum poderia nomear aquele cheiro. Uma mistura de sangue velho, carne apodrecida e algo mais — algo que lembrava ferrugem, bile e morte que respira.

E eles surgiram.

Arrastando-se da névoa, os Ossívoros não tinham forma única. Eram abominações. Colchas de carne, osso, olhos costurados em lugares onde não deveriam estar, bocas que se abriam no
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