Theo
Sete meses.
Sete meses desde que eu tinha deixado Ferranópolis. Desde que eu tinha deixado ela.
O relógio na parede da sala marcava meio-dia e onze quando eu finalmente arrastei meu corpo para fora do quarto. Meus pés descalços deslizaram sobre o mármore frio até o sofá, onde eu praticamente me joguei, sem me importar com a cena patética que eu deveria parecer.
Minha mãe, como sempre impecável naquela elegância plástica que ela tanto cultivava, me observava como quem observa um animal ferido e sem serventia largado no meio da sala.
— Vai continuar com essa palhaçada até quando? — O tom dela era de desprezo puro, como se a simples visão do meu cabelo bagunçado e da minha camiseta amassada a enojasse. — Já faz sete meses, Theo. Sete meses! E você ainda não superou a secretária cafona do seu pai?
Revirei os olhos, sem forças nem para responder à altura. A verdade é que eu não me importava mais com o que ela dizia. Nem sobre Clara. Nem sobre qualquer coisa.
Simplesmente me afundei ma