Theo
Quando finalmente me permitiram entrar na sala de parto, vesti o avental às pressas, higienizei as mãos e fui ao encontro de Clara.
O som veio primeiro: o bip das máquinas, as vozes contidas dos médicos e o gemido abafado de Clara.
Ela estava deitada na mesa, sob as luzes intensas, o rosto vermelho e molhado de suor, os cabelos escuros grudados na testa. Parecia exausta e assustada.
— Theo… — Sua voz era um fio tênue de dor quando me viu ao lado da maca.
Aproximei-me, ignorando o burburinho da equipe médica. Segurei sua mão, que estava fria e tremia.
— Ei, eu estou aqui — disse, inclinando-me para que só ela pudesse me ouvir em meio aos sons da máquina. — Eu prometi que não ia te deixar sozinha, lembra? Para o que der e vier.
Ela tentou sorrir, um movimento fraco nos lábios, mas a dor a venceu.
— Isso não devia estar acontecendo agora... É muito cedo.
— O nosso filho é apressado — respondi, forçando um sorriso trêmulo, tentando injetar alguma leveza naquele terror. — Ele é teimo