Clara
Não sei exatamente quando o turbilhão da sala de parto terminou, mas apaguei. A exaustão física e emocional era avassaladora. Quando abri os olhos novamente, o quarto de hospital estava silencioso e morno, um refúgio.
A luz suave do sol filtrava pelas persianas brancas, pintando listras tênues na parede. Tudo parecia distante, envolto por um torpor que misturava a dor sutil do corpo, a exaustão profunda e um alívio imenso.
Virei o rosto lentamente, sentindo a aspereza do lençol hospitalar. E o vi.
Theo estava ali, imponente e deslocado naquela poltrona pequena de tecido azul, ao lado da cama. Ele segurava Benjamin, que dormia envolto em uma manta de algodão, no aconchego de seus braços. O bebê estava tranquilo, encolhido contra o peito largo do pai. Theo o embalava em um ritmo quase imperceptível, os olhos fixos naquele pequeno rosto, como se o mundo inteiro tivesse encolhido e se concentrado ali, naquele ponto.
Por um longo instante, apenas observei. Era uma cena estranha, pode